Introdução
Durante muitos anos os esforços de promoção da Saúde dirigiam-se, sobretudo, para os determinantes de Saúde que se relacionavam com a prevenção da doença física e da incapacidade, resultando num aumento da longevidade. Houve ainda uma grande aposta na identificação e tratamento das perturbações mentais, resultando num aumento da qualidade de vida para muitas pessoas.
No entanto, desde o final dos anos 80, a Ciência Psicológica chama a atenção para o facto da promoção da Saúde também significar, para além da ausência de doença, o desenvolvimento e a presença de recursos individuais e sociais que proporcionem um funcionamento mental óptimo, a auto-realização, a felicidade e o bem-estar (Diener, 1984, cit in Ordem dos Psicólogos Portugueses (2021). Contributo Científico OPP – O Bem-Estar Organizacional. Lisboa.). Existe pouca investigação sobre o conceito de “bem-estar organizacional” (organizational wellbeing; workplace well-being) e a sua definição não é consensual. No geral, considera-se que o constructo Bem-Estar Organizacional é um domínio específico do bem-estar, composto por dimensões particulares que influenciam positiva ou negativamente a avaliação do local de trabalho. Alguns autores sugerem que a falta de consenso deve chamar a atenção para a importância de as organizações construírem as suas próprias definições personalizadas de bem-estar organizacional, com recurso aos elementos que sejam mais pertinentes para o seu caso particular (Bennet et al., 2017 cit in Ordem dos Psicólogos Portugueses (2021). Contributo Científico OPP – O Bem-Estar Organizacional. Lisboa.). O Bem-estar organizacional diz respeito a todos os aspectos relacionados com a vida laboral, incluindo a qualidade e segurança do contexto físico; a forma como os trabalhadores se sentem no local de trabalho; o ambiente de trabalho; a organização do trabalho e o clima laboral (Ordem dos Psicólogos Portugueses (2021). Contributo Científico OPP – O Bem-Estar Organizacional. Lisboa). Algumas dimensões que influenciam o bem-estar organizacional incluem:
- Auto-Eficácia;
- Inclusão e apoio dos colegas e supervisoras e supervisores;
- Gestão de stress;
- Controlo e Significado;
- Reconhecimento e Recompensa;
- Contexto;
- Interface entre vida pessoal e vida profissional.
- Gestão e a liderança.
Como já foi supramencionado, existe pouca investigação sobre o conceito de “bem-estar organizacional”, mas existem evidências da importância do bem-estar no local de trabalho. O bem-estar é um conceito central na gestão organizacional, na medida em que promove a concretização de objectivos organizacionais estratégicos. Em contexto laboral, o bem-estar está associado a níveis mais baixos de stresse e absentismo e a níveis mais elevados de motivação, compromisso, inovação e satisfação (Kun & Gadanecz, 2019 cit in Ordem dos Psicólogos Portugueses (2021). Contributo Científico OPP – O Bem-Estar Organizacional. Lisboa). Sabemos que a experiência de bem-estar dos trabalhadores contribui para a produtividade, criatividade e cooperação nos contextos laborais. As pessoas, quando mais felizes, sentem-se mais motivadas, tornam-se mais persistentes, faltam menos, mudam menos de emprego, criam novas ideias e estabelecem melhores relações com os seus pares e com os clientes. Um dos principais indicadores de bem-estar no contexto de trabalho é a satisfação laboral. A satisfação ou insatisfação com o trabalho (a satisfação com o trabalho em si, com os pares, ou com os supervisores) tem um impacto muito significativo na Saúde Psicológica da pessoa trabalhadora (De Neve et al., 2013; Diener & Seligman, 2004; Faragher et al., 2005 cit in Ordem dos Psicólogos Portugueses (2021). Contributo Científico OPP – O Bem-Estar Organizacional. Lisboa). Outro indicador, correlacionado com a satisfação com o trabalho, é o envolvimento (engagement) com o local de trabalho. O envolvimento é um estado de bem-estar no local de trabalho caracterizado por vigor, dedicação e absorção com as tarefas. Níveis elevados de envolvimento estão associados a melhores desempenhos, mais comportamentos pró-sociais, maiores retornos financeiros para as organizações, mais bem-estar psicológico dos trabalhadores, constituindo também um factor protector contra o burnout e outros problemas de Saúde Psicológica (Johnson et al., 2018 cit in Ordem dos Psicólogos Portugueses (2021). Contributo Científico OPP – O Bem-Estar Organizacional. Lisboa). Existem diversas condições facilitadoras do bem-estar destacando:
- Promoção de funções laborais e ambientes de trabalho positivos;
- Promoção da consciencialização e redução do estigma e da discriminação associados aos problemas de Saúde Psicológica;
- Apoio aos trabalhadores com problemas de Saúde Psicológica;
- Promoção da conciliação entre a vida profissional e familiar.
Conclusão
Para finalizar, não é possível construir Locais de Trabalho mais saudáveis e produtivos, nos quais seja maximizado todo o potencial produtivo e criativo, sem investir no bem-estar dos trabalhadores/as. É importante que as empresas vão ganhando essa conscência e que os Psicólogos podem funcionar como parceiros essenciais na implementação de condições facilitadoras do bem-estar organizacional.
#Bem-EstarOrganizacional